Robôs em São Carlos

A cidade de São Carlos (SP) é conhecida em todo o Brasil como capital da tecnologia. Cada vez mais suas empresas buscam inovar e criar novos produtos e serviços para atender as novas demandas com alto valor tecnológico agregado. Diante disso não é de se estranhar que a primeira empresa brasileira de robótica móvel tenha surgido na cidade.

Robôs de todos os tipos têm sido fabricados e comercializados há bastante tempo para aplicações industriais. É o caso, por exemplo, dos braços robóticos utilizados na indústria automobilística. Somente nos últimos anos, a tecnologia robótica está sendo aplicada no desenvolvimento de robôs para outras finalidades. Dentre as áreas de robótica, os robôs móveis de pequeno porte são os que possui mercados em franca expansão. Segundo previsões do World Robotic Report 2008, da International Federation of Robotics (IFR), o mercado nos próximos anos terá um crescimento de cerca de 21,31% a.a.

A empresa são-carlense XBot, filiada a ABIMAQ (Associação Brasileira da Industria de Máquinas e Equipamentos), possui uma linha de robôs móveis para os mercados de educação e entretenimento e comemora a fabricação do seu centésimo robô móvel. Com destaque para o RoboDeck que no mês de outubro teve duas unidades vendidas, uma para a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e outra para a empresa Automatos. A Automatos é uma empresa de software focada em Gestão de infraestrutura de Tecnologia e Segurança da Informação. Entre seus clientes estão Banco Real, Oi, Carrefour, Santander, Camargo Correa, Bradesco,Vivo, Tivit, Itaú Unibanco, AMBEV, Vodafone, Contax, Embratel, Telefônica, GVT, Makro, Grupo Ultra e Inbev.

Diante de uma relevância sócio-econômica, muitos estrategistas na área de tecnologia e inovação identificam a robótica móvel inteligente como a indústria mais revolucionária e promissora para os próximos anos. Os heróis tecnológicos em breve serão os construtores de robôs. Eles serão a classe de empreendedores que irão substituir Bill Gates e Steve Jobs ou mesmo, Jeff Bezos da Amazon e os fundadores da Google. É o caso do Ph.D. Paul Saffo, presidente do conselho científico da Samsung e professor da Universidade de Stanford (EUA). Além disso, o tema robótica educacional já faz parte do planejamento estratégico de diversas empresas consolidadas, caso da Microsoft que desde 2005 adotou a robótica educacional como um de seus pilares na estratégia de alcançar novos mercados. Além disso, robôs móveis para educação têm obtido contínuo destaque sócio-educacional como uma importante ferramenta para ensino técnico e aprimoramento de disciplinas básicas.

No Brasil, a demanda por robôs móveis inteligentes encontra-se ainda oprimida devido aos altos custos de importação e posterior customização e manutenção dos produtos estrangeiros. Não são poucas as faculdades e universidades no País que chegaram a adquirir os robôs importados e, posteriormente, não tiveram suporte técnico adequado ou acesso a peças de reposição, ocasionando perda do investimento. Como a área de robótica está em constante evolução, os equipamentos ficam obsoletos rapidamente devido à falta de manutenção, fazendo com que o investimento tenha uma baixa relação custo-benefício. Dessa forma, devido às dificuldades de aquisição e de suporte para robôs móveis estrangeiros, não ocorre a popularização de sistemas robóticos no país.

É importante comentar que uma educação técnica de qualidade que permita o domínio da tecnologia de construção de sistemas complexos como, por exemplo, robôs móveis inteligentes, são fatores de diferenciação e valor agregado. Se hoje existe uma empresa brasileira que desenvolve, fabrica e comercializa aviões e que gera empregos qualificados, impostos de valor agregado, e divisas para o País; muito se deve a uma quantidade adequada de mão de obra qualificada associada a um forte investimento público inicial, e posteriormente, a gestão da iniciativa privada para tornar o negócio competitivo. Atualmente, no País existem poucas ferramentas para o desenvolvimento e aprimoramento de profissionais com alto-desempenho. Nossos técnicos e engenheiros, enquanto estudantes, não têm acesso para atuar com conteúdo multidisciplinar que, por exemplo, a robótica proporciona.

Como contexto estratégico, o aprendizado técnico na área de robótica, pode permitir no médio prazo um diferencial competitivo para o País, pois promove a melhoria do aprendizado de futuros profissionais para trabalhar em projetos com alto valor agregado.